segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Esporte Universitário: Existe no Brasil????

       
Adaptado de: 
DANIEL OTTONI (http://www.otempo.com.br/superfc/no-brasil-esporte-universit%C3%A1rio-n%C3%A3o-%C3%A9-levado-a-s%C3%A9rio-1.699283)

  
O Brasil possui incontáveis casos de atletas de alto nível que foram descobertos em peneiras ou por acaso, durante uma aula de educação física ou uma simples brincadeira na rua. Depois de terem seu talento lapidado, muitos jovens chegaram às equipes adultas do Brasil participando de Mundiais e Jogos Olímpicos.
No entanto, o número, não somente de esportistas de sucesso, como de medalhas, poderia ser muito maior se houvesse no nosso país políticas concretas do esporte dentro das universidades, onde os atletas estariam em um momento importante de transição, próximo ou até mesmo já presente em campeonatos importantes e ainda com o suporte de estudos e pesquisas científicas para um “upgrade” ainda maior na carreira.
A realidade brasileira é bem diferente, por exemplo, da que acontece nos Estados Unidos. Lá, os esportes universitários são os grandes responsáveis pela descoberta e formação de atletas, que costumam fazer parte das delegações norte-americanas multicampeãs ao redor do mundo. O melhor exemplo de como as equipes profissionais se abastecem de jogadores universitários recém-formados é o draft, processo de seleção que acontece anualmente em modalidades como basquete e futebol americano. Estados Unidos.
Os competitivos torneios universitários dão aos atletas bagagem e experiência suficientes para chegar às principais ligas do país em condições de brigar por uma posição de titular nos times.
“Por lá, a estrutura é incomparável e vem desde a escola, antes mesmo da universidade. Aqui, a necessidade por resultados imediatos impede todo um trabalho de formação no Brasil. A infraestrutura fica focada apenas nos clube. A mentalidade é outra”, lamenta Emerson Silami, diretor da escola da educação física, fisioterapia e terapia ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
No Brasil, os jovens que praticam esportes precisam se dividir entre os estudos, em escolas ou universidades, e os treinos, nos clubes ou equipes, para buscar a evolução dentro da modalidade de sua preferência. Nos EUA, as duas atividades acontecem no mesmo local e facilitam a vida do estudante-esportista. Filosofias distintas.
Além disso, no país do Tio Sam, as notas na escola são pré-requisitos para a participação do jovem no time universitário. No nosso país, ir bem na escola costuma não passar de uma mera orientação, salvo raras exceções, para que o futuro esportista reconheça e valorize a importância dos estudos.
O empresário brasileiro Gustavo Velloso, de 23 anos, ganhou bolsa de estudos em duas universidades norte-americanas pelo bom desempenho no futebol e conta um pouco de sua experiência por lá. “Era necessário ter uma média de 75% nas notas para ser mantido no time. A estrutura de um estádio da segunda divisão universitária era invejável e ficava à frente de qualquer outro de Minas Gerais, tirando Mineirão e Independência”, revela Velloso.
Para o diretor da UFMG, seguir o exemplo dos EUA no Brasil seria algo impossível. “Falo isso com tristeza, mas é uma utopia pensar que, um dia, chegaremos nesse nível. Não dá para imaginar uma escola pública contratando um treinador de bom nível e ganhando um bom salário por isso. Na terra de Barack Obama, os técnicos de escolas e universidades conseguem ser bem-remunerados já na formação dos futuros competidores”, destaca Silami. Utopia.
Flávio Davis, técnico principal da base de basquete do Minas Tênis Clube, concorda com o abismo existente entre Brasil e Estados Unidos nesse quesito. “Lá, essa organização do esporte universitário é feita com maestria. O esporte é tratado como uma ferramenta para a educação, sendo aproveitado para formação do profissional na sua plenitude. Já no Brasil, temos um completo descaso com o esporte nas escolas e universidades”, criticou.
Velloso também vê como difícil essa possibilidade. “A chance de chegarmos perto do que acontece nos Estados Unidos é de 0,5%. Lá, as universidades têm patrocínios do governo, investimentos próprios e também de ex-alunos, que se orgulham de ter feito parte das equipes e injetam muito dinheiro na instituição, todos os anos, para serem usados no esporte. É algo diferenciado, impensável aqui para o Brasil”, destaca. Improvável.

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